Desde 2000 as cooperativas paranaenses vêm trabalhando em projetos de industrialização de seus produtos com o objetivo de ganhar competitividade no mercado. Os investimentos deram certo, já que hoje muitas dessas cooperativas faturam mais do que muitas empresas multinacionais. Mesmo com dados ainda não fechados oficialmente, a expectativa de faturamento das cooperativas do Paraná em 2012 é de R$ 38,5 bilhões, R$ 6,29 bilhões a mais do que no ano anterior. Em 2002, ou seja, há dez anos, a arrecadação era de apenas R$ 10,6 bilhões.
A industrialização da matéria-prima foi o principal fator de incremento na receita das cooperativas, segundo José Roberto Ricken, superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Atualmente a agroindústria é responsável por 47% do faturamento das cooperativas paranaenses. Ricken afirma que as instituições somente aproveitaram as oportunidades que o setor agropecuário proporcionou e trabalhou nelas. “Captamos recursos, agregamos valor à produção. Sabíamos para onde queríamos ir”, revelou o dirigente. No ano passado foram investidos R$ 1,3 bilhão nos sistemas industriais das cooperativas. A meta para 2013, segundo a Ocepar, é manter esse número. “Só o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) investe R$ 600 milhões por ano”, acrescentou Ricken. O superintendente destacou que para chegar aos atuais resultados houve, por parte das cooperativas, muito investimento humano, melhoria no gerenciamento e, além disso, maior profissionalização no sistema de administração. “Nosso controle é maior do que uma multinacional porque a cooperativa está na região onde atua, ou seja, temos o domínio local”, completou. Em termos de investimento em pessoas, só em 2012 o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) realizou 5 mil treinamentos, beneficiando mais de 150 mil pessoas. Para este ano, o Sescoop irá realizar 6 mil treinamentos. Além disso, em 2011 foram realizados 44 MBAs para funcionários das entidades em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fundação Dom Cabral e Sistema Positivo.
Independentes
Há dois anos investindo pesado na industrialização, a cooperativa Integrada já desembolsou R$ 75 milhões nesse setor. A indústria de processamento de milho no município de Andirá (Norte Pioneiro) e a fábrica de suco em Uraí (Norte) são as “meninas dos olhos” da cooperativa. Para este ano, a Integrada espera um faturamento de R$ 1,7 bilhão. Em 2012, a receita foi de R$ 1,5 bilhão. Jorge Hashimoto, superintendente da cooperativa, declarou que o plano da instituição é continuar investindo na indústria. Na mesma filosofia de investimentos segue a Cocamar. Óleo de soja, margarina, maionese, molhos em geral, energia, entre outros produtos formam uma parte considerável da renda da cooperativa. Devido aos investimentos nesse setor, a arrecadação da instituição cresce ano após ano. No ano passado, o faturamento da Cocamar foi de R$ 2,3 bilhões, sendo que para 2013 a estimativa de incremento é de R$ 2,5 bilhões. José Fernandes Jardim Junior, vice-presidente da entidade, afirmou que a base do negócio é ter produtos de qualidade. Ele acrescentou que é importante que a cooperativa defina a sua estratégia. Jardim Junior relatou que o plano agroindustrial da Cocamar vem sendo elaborado desde a década de 1990.
Fonte: Folha Web